Uma paixão real - Amor - Cap 08

–Mas..Eu amo ele.

–E eu também e é por isso que quero se afaste dele, corte qualquer laço que vocês tem, se necessário vá embora e não deixe que ele lhe encontre, eu cobrirei os custos de tudo, você só não pode fazer isso com ele de novo.

–Ele não vai a lugar algum- Digo entrando na cozinha. – E eu quero explicações para isso tudo.

–Foi ele, foi por causa dele que tudo aconteceu..- A expressão de meu pai começava a mudar, ele parecia com raiva. – Ele matou seu irmão, foi por causa dele, foi para salva-lo que seu irmão morreu.

Pela reação do Scott eu senti que ele também não sabia.

–Mas você tinha que ter sobrevivido e perdido a memoria, você tinha que ter esquecido a culpa.- Ele completou.

Aquela foi a primeira vez que eu vi meu pai tão desesperado e com raiva, o Scott estava assustado demais, suas mãos tremiam e seus olhos estavam sem o brilho natural que só ele tem, eu queria muito tira-lo dali mas eu precisava saber mais.

–E como se não bastasse, ele ainda virou seu amigo e você ainda foi burro de se apaixonar por ele, naquele tempo você faria tudo por ele, mas quando tentei afastar os dois você se revoltou e foi embora, foi quando sofreu o acidente, você não lembrava de nada, nem de paixão, nem de Scott, nem de nada, e agora você volta e se apaixona por ele de novo. Eu sabia que devia tê-lo mandando embora, você mata meu filho e quase mata o outro, O QUE EU FIZ PRA VOCÊ?- Ele grita e agarra os ombros do Scott.

–NÃO TOQUE NELE!- Eu o empurro com força. – Ele não teve culpa de nada, ele era só uma criança...você é um monstro, eu nunca vou perdoa-lo pelo que você fez a ele.. a mim!.

– Você vai mesmo escolher esse “homenzinho” ao invés de seu pai?.

–Sim.

–Mas, ele não tem espaço na sua vida, nós somos sua família, eu, sua mãe, Karine...- Ele sorria mas não era de felicidade, parecia um louco, ou melhor, todos naquela casa eram loucos.

– Quem decide se tem espaço pra ele ou não, sou eu, e no caso, quem não tem mais espaço é você.

Pego a mão do Scott e o arrasto pra fora daquele lugar, meu pai continua falando mas não quero mais ouvir, isso não me faz bem, não quero ficar nessa casa nem por mais 1 segundo, pego meu carro que ele me deu...aah como eu me odeio por ainda depender tanto dele... Durante todo o caminho Scott não fala nada.. “Ele está sofrendo mais do que qualquer um envolvido nisso.” Suas mãos ainda tremem. Chegando na casa dele eu o levo para dentro.

–Me desculpe- Começo a chorar e o abraço. – Por favor me desculpe por isso tudo, pelo que te fiz passar, eu juro que não sabia dessa história, se soubesse teria te tirado de lá a muito tempo.. Me desculpe.

Uma lágrima escorre pelo seu rosto, e depois outra...e outra..

–Eu me lembro de tudo, da dor, do disparo, do sangue...- Ele está tremendo muito. –Tanto sangue.. ele morreu por minha causa, foi culpa minha.

– Não foi culpa sua..simplesmente tinha que acontecer, não era algo que você pudesse evitar, eu não o culpo..

–E quanto ao seu acidente.. também fui eu..

–Claro que não, por que a principio fui eu quem me apaixonei por você.- ­Sorrio.

–Mas eu te desejei, te desejei tanto, quando você disse que gostava de mim eu fique tão feliz.. eu não pude dizer não pra você, mesmo sabendo das consequências – Ele me envolve com seus braços e deita a cabeça em meu ombro. –Eu te amei tanto..

–Eu sei, eu tenho certeza que também te amei, e ainda te amo...-Acaricio seu cabelo.

–Por que te amar é tão difícil? Por que não podemos simplesmente ficar juntos e ter paz? Por que amar não pode ser mais simples?..

–Eu não sei – Volto a chorar –Mas as coisas vão melhorar pra nós dois, o destino já nos machucou demais..nós vamos dar a volta por cima.

Ele me abraça mais forte, sinto suas mãos tremulas me segurando com força. “Eu nunca vou te soltar” . Elas diziam isso pra mim, eu gostava daquela sensação de ser amado, mesmo com a situação ruim, aquelas mãos significavam muito pra mim, sinto seu coração acelerado, suas lágrimas ensopando minha camisa, ele está soluçando e chorando alto como uma criança.

–Vai ficar tudo bem, nós vamos ficar bem...eu nunca vou te deixar.

Tudo aconteceu muito cedo, todo aquele choque numa única manhã, foi demais pra ele..Não consigo nem me importar comigo, eu só penso nele, ainda não acredito que meu pai fez isso com ele, jogou toda culpa nele, quando na verdade ele era o mais inocente.

“Por que te amar é tão difícil?”

Não consigo parar de pensar no que ele disse, isso realmente mexeu comigo, porque parando para pensar, ele só sofreu com isso esse tempo todo por minha causa, eu não posso me culpar por ele me amar, mas eu não deveria ter ido embora..eu não sei o que aconteceu naquele tempo, como meu pai tentou nos separar, mas eu jamais deveria ter ido embora...Mas se ele voltar a sofrer por minha causa eu irei de novo, e dessa vez eu não voltarei. O Scott é uma pessoa incrível e não merece isso tudo.

Estou sentado ao lado dele, ele está dormindo. “Depois de chorar tanto, ele precisava mesmo dormir”. Beijo sua testa, e sinto suas mãos me segurando, ele abre os olhos.

–Eu te amo.

–Eu sei, durma um pouco seu idiota.

Ele sorri e fecha os olhos. Fico lá. Sentado ao lado dele, acariciando seus cabelos.. “Adoraria que essa paz ficasse pra sempre..mas pelo que eu fiz, eu tenho certeza que daqui a pouco eles vão vir atrás de mim”

*Batidas na porta*

“Eles chegaram.. Scott, você vai ficar bem sem mim?”

–Eu te amo.

Meu nome é John e eu sempre amei o faxineiro.