Tudo estava indo bem, só que bem demais.
O Scott continuava o mesmo, mas agora ele era o meu namorado, não oficialmente, porque por algum motivo, toda vez que eu falava com ele sobre contar a todos sobre nosso relacionamento, ele dizia que não era uma boa ideia e que estava cedo demais, eu sempre cedia e dizia que estava tudo bem, porque estava, pelo menos era o que eu achava, eu o via todos os dias, nos agarrávamos pela casa quando estava vazia e tudo estava bom. Quanto a Karine, ouso dizer que ela me parecia bem, mas por não contar do meu relacionamento tenho medo que minha família resolva prosseguir com a questão do casamento, eu não saberia o que fazer se eu realmente precisasse casar com ela.
Eu não sei de muita coisa sobre o que aconteceu e como aconteceu, parece que escondiam os detalhes da história, não queriam que eu soubesse da verdade.
O nome dele era Gian, uma vez ele saiu para comprar umas coisas e voltou com uma criança, um menininho, ele disse que tinha encontrado a criança que estava chorando numa casa abandonada no caminho, sim, ele tinha um bom coração, o pai do jovem tinha condições de manter a criança e ele o fez, cuidou e amou como se fosse um terceiro filho, mas numa noite quando todos dormiam, um homem apareceu gritando na casa, ele a invadiu, dizia ser o “verdadeiro” pai da criança e que a queria de volta, Gian viu que o homem estava fora de si e disse que não entregaria a criança, disse que ela estava melhor lá, o homem descontrolado se encheu de fúria, um disparo, depois outro, ele estava armado e tinha atirado no Gian e logo depois atirou na cabeça da criança.Foi nesse dia que eu perdi meu irmão mais velho, a morte que meu pai nunca superou, e quanto a criança, me disseram que ela não resistiu.
–Aaah Gian, como você faz falta, nessas horas você saberia me dizer o que eu deveria exatamente fazer.
–Quem é Gian?- Ele chega e morde meu pescoço. Me arrepio.
–Uuuuhmm.. ninguém.
–Você não pode esconder as coisas de mim de mim– Ele faz bico.
–A é? Diga isso pra minha mãe.- Vou passando a mão por seus cabelos e é quando pela primeira vez, sinto uma marca, uma cicatriz. –Nossa! O que foi isso? Desde quando você tem isso?
–Faz muito tempo. Eu não lembro o que foi mas me disseram que quando eu era mais novo, eu caí e bati a cabeça numa pedra, ou algo do tipo.
–Hmm... Eu tenho uma parecida, mas foi por conta que sofri um acidente de carro quando tinha mais ou menos 15 anos, por conta disso, não lembro de nada que aconteceu na minha infância ou qualquer outra coisa desde que era pequeno até os 15 anos. Eu sequer lembro o motivo de ter saído dessa casa, por isso até hoje eu me convenço de que foi para provar que conseguia viver sem o dinheiro dos meus pais.
A expressão dele mudou ao ouvir isso, ele fica apreensivo, mas logo disfarça, ele bagunça meus cabelos, me dá um beijo rápido e sai. “O que deu nele?” . Mas uma vez sinto aquela sensação de que há algo errado, mas que sempre finjo não perceber, os problemas estão bem na minha frente, mas finjo não ver, eu não quero ter que vivê-los, eu tenho medo de futuro, tenho medo daquilo que não sei, medo do que me esconderam.
*Alguns dias depois*
Acordei e estava tudo uma bagunça, pessoas que eu nunca tinha visto estavam por toda parte e havia flores, cardápios, cores, pela primeira vez eu senti que aquela casa enorme não era grande o bastante para a quantidade de pessoas e coisas que estavam transitando ao mesmo tempo, começo a descer a escada e um homem com um terno elegante me para, com uma fita métrica ele tira todas as minhas medidas e me manda escolher uma gravata, tinham muitas delas, me livro dele rapidamente e tento encontrar o Scott, ou minha mãe, ou meu pai, ou qualquer outra pessoa que possa me dizer o que raios estava acontecendo.
–Dia agitado não?- Diz Karine se aproximando.
–Sim...Mas, o que está havendo? O que isso tudo?.
–São as preparações para nosso casamento.
– O que? Mas... e tudo aquilo que você disse sobre casar com quem ama?
–E eu te amo, você sabe disso.
–Mas eu não amo- Um pouco indelicado mas eu estava estressado demais para levar aquilo numa boa e tentar ser gentil. –Você sabe que eu amo o Scott, e foi você quem mandou eu ir atrás dele.
–Eu sei, mas decidi que quero ficar com você, me amando ou não, eu vou fazer você ser meu, você não percebe? Eu tenho dinheiro, eu posso manter todos os luxos que você tem, e um dia você pode acabar me amando também.- Ela segura a minha mão e sorri.
–Eu não quero luxo nenhum, nem dinheiro, e eu não vou casar com você. – Puxo minha mão.
–Aah você vai sim.
Saio dali, não quero mais escutar aquilo, cadê meu pai? Cadê o Scott? Eu preciso esclarecer as coisas de uma vez por todas, Scott querendo ou não será hoje que vou contar tudo. Eu não posso de jeito algum casar com ela.
Chego na cozinha e lá estão os dois.
– Eu disse que não era pra você se aproximar dele de novo.- Escuto meu pai falando.
O que está acontecendo?.
Meu nome é John e eu sinto que algo muito ruim vai acontecer.
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