– Eu não vou sair daqui até que ele esteja bem! – Gritava alguém.
Meu corpo estava completamente dolorido.”O que aconteceu comigo?” . Aos poucos a dor se tornava suportável e começava a me recordar do que tinha acontecido. “É mesmo! Eu me sacrifiquei para salvar os Scott!”. Se eu sentia dor, era por que eu provavelmente não estava morto. Um sorriso se formava em meu rosto.
–Senhor, você precisa fazer silêncio, nós estamos numa ala médica para aqueles que foram seriamente feridos, os outros paciente precisam repousar, então por favor faça silêncio. – Dizia uma voz feminina.
–Mas eu quero que ele fique bem! – Berrava alguém.
Sentia uma mão apertar a minha, e lágrimas se derramavam sem parar por cima de meu braço. Eu nem precisava abrir os olhos para saber quem era. “Scott”. Eu estou feliz, como estou. Saber que ele está bem.
–Cale sua boca! Seu grande idiota! – Falei o mais alto que pude. A dor não ajudava muito.
Ele me olhou, vi em seus olhos um misto de surpresa,felicidade, emoção..mas logo se transformou em vergonha e raiva.
–Por que não me disse que estava vivo?- Ele dá um belo cascudo em minha cabeça.
–Olhe meu estado! Não bata em mim desse jeito, da próxima eu morro de verdade!
–Eu jamais deixaria isso acontecer. – Ele me abraça, seus braços me envolvem de modo carinhoso e cuidadoso, não sinto mais dor, segunda vez que seus braços conseguem anular qualquer dor que eu esteja sentindo, ele fede.
–Me largue! Você está completamente sujo e fedido. – Sorrio. Não quero que me largue.
–Nunca mais vou soltá-lo.
–Diga isso para os seguranças! – Lanço um olhar para a enfermeira e logo pisco para ela. Ela sorri, em sinal de que entendeu a deixa. – Pode nos deixar aqui, essa enfermeira gatinha vai cuidar muito bem de mim.
Ela sorrindo se aproxima de mim e beija minha testa.
–Pode deixar que esse ruivinho vai ficar muito bem – Ela se afastava em direção ao telefone e com este no ouvido dizia para os seguranças que estava na hora de tirar o Scott dali.
A sua cara, sua expressão, o modo como estava, era impagável, era um grande misto de raiva,ciúmes,vergonha..todos os sentimentos ao mesmo tempo, ele só ficava parado com a boca aberta como quem quer dizer alguma coisa, mas nada saía. Os seguranças aparecem e o seguram pelos braços, homens altos e enormes, enquanto o arrancavam dali eu apenas o olhava e acenava.
A ultima visão que teve foi, eu deitado numa cama sendo agarrado por uma enfermeira loira de olhos verdes.
*Depois de uns dias*
Recebo alto esta tarde.
Scott está sentado ao meu lado, está no horário de visitas.
–Não demorará muito, creio eu. – Completo.
Ele sorri.
–O que está acontecendo? Você está estranho desde que saiu daqui ontem, e agora nem sequer quer falar comigo, o que ta havendo?
–Nada...só quero que volte logo para casa. – Ele força um sorriso.
–Não é isso.. Olhe só, você nem sequer olha em meus olhos Scott. Não me venha com essa! – Grito. Estou com raiva. –Você não confia em mim o suficiente para compartilhar os problemas? Como poderemos ficar juntos desse jeito?
–E se eu não quiser que fiquemos mais juntos? – Ele olha em meus olhos.
Ali eu não via mais o Scott, aqueles olhos frios, aquela expressão dura. Aquilo não era ele, esse que estava em minha frente com certeza não era ele. “Não..não...não...”.Simplesmente não quero acreditar que isso ta acontecendo, não posso, não quero, não devo.
–O que está dizendo? – Uma lágrima escorre. – Pare de brincar comigo, seu grande idiota!
–Idiota, idiota, idiota.. você está sempre me chamando assim! Você é insuportável, quem iria querer ficar com você? Estou saltando fora John..Não te suporto mais. – Ele começava a se levantar e se afastar, tento agarrar seu braço mas ele logo se solta, o Scott sempre foi mais forte que eu.
–Adeus John!
Ele sai, e dessa vez eu não posso ir atrás dele, mas não por medo, não por covardia. Foi pelo jeito que ele disse, eu convivo com ele tempo o suficiente para saber quando ele está mentindo, só espero que ficar não tenha sido a escolha errada, espero ter acertado, espero que ele volte..na verdade, espero muita coisa.
Nada parecia fazer sentido, haviam muitas possibilidades mas nenhuma me parecia lógica na hora, muitas vezes pensei na Karine e em meu pai, mas tudo parecia tão absurdo.
A enfermeira apareceu e meu alta, quando já saia do hospital, não sabia para onde ir, sabia que meus pais me aceitariam em casa, mas ainda não podia olhar para o rosto daquele homem se odiá-lo, o que ele fez era imperdoável e quanto ao Scott. Não podia ir para casa dele.
Entro no táxi e quando coloco a mão no bolso de meu casaco percebo que tem algumas coisas lá dentro, primeiro tiro um pequeno papel.
“Não importa o que eu diga ou faça, tenha sempre certeza de que eu te amo.”
E depois tiro uma chave. Um sorriso se abre em meus rosto. “Também te amo. Idiota”. Dou o endereço da casa do Scott ao motorista e peço que me leve até lá.
Ao abrir a porta, esperava ver o Scott me esperando com um sorriso no rosto, para dizer que tudo aquilo era um grande fingimento apenas para se vingar do que eu fiz com a enfermeira , mas ao abrir, notei apenas uma casa vazia, não tinha ninguém lá. Entrei em seu quarto e notei uma cueca vermelha encima da cama. Sorri. Ao pegá-la, vi um papel caindo.
“Ele me faria fazer isso. Você sabe, só quer “salvar” o filhinho dele, eu não aceitei de boa vontade, mas bem sabes que os métodos dele não são tão pacíficos, só te digo que você não pode saber onde estou, isso arruinaria todo o plano, mas se você está lendo isso, é porque parte dele já deu certo, não direi quando mas direi que você vai me ver. Apenas espere por mim. EU TE AMO! – Scott”
Minhas lágrimas encharcavam o papel.
Meu nome é John e pela segunda vez eu perdi o faxineiro.
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